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Rosas & espinhos.

Cheguei a certo ponto da minha vida, em que olho para trás e me sinto incompleta, tantos momentos de felicidade e no entanto, quase que sendo ingrata, apenas dou importância aos que me senti miserável.
Sufocada pela saudade, desejo e vontade de fazer mais e melhor, pelo arrependimento que corrói todo o pouco que resta da minha estabilidade emocional neste momento, pelas memórias de momentos em que fui feliz e que com a velocidade de uma estrela cadente que rasga o céu deixando o rasto brilhante, se revoltaram e me deixaram cair.
Não importa a quantidade de vezes que possa cair e que de seguida me levante, haverá sempre, hoje ou amanhã, outra pequena pedra escondida entre lindas rosas vermelhas. Sentido o seu perfume, a beleza de todo um mundo de natureza, em que sou apenas eu, feliz, rodopio entre as rosas, até que, tropeço e caio numa falésia imensa, e quando olho para cima, para me assegurar que as rosas continuam vermelhas e perfumadas, noto que todas elas, murcharam.
É ingrato, ou talvez seja apenas a minha mentalidade que funcione desta modo, mas quando caímos, nunca é apenas uma queda, há sempre arranhões e feridas por sarar, e toda uma etapa de recuperação, que não sendo excepção tem recaídas, por vezes mais dolorosas que a própria queda.
É ao ver, as rosas vermelhas, uma por uma, a perderem a sua cor, o seu perfume, a sua beleza, e morrerem que, o mundo desaba, que nada me parece certo.
Tenho vontade de fazer do mundo um globo de neve, e agitá-lo, po-lo de pernas para o ar, de dar tamanha reviravolta a esta civilização, a esta sociedade, a estas preces de falsas esperanças e começar de novo, sem futilidades e aí talvez colocá-lo em piso estável.
Querer mudar o mundo, querer mudar de vida, querer ser e ter melhor, querer ser feliz, querer viver cada dia como sendo o primeiro dia e não o último.
Não quero viver uma despedida, quero viver uma saudação porque amanhã será um novo primeiro dia.
Porque parar de querer e sonhar é desistir da vida, e eu, independentemente de todos estes espinhos, não desisto sem dar luta.
                                                                                                                                   Ana Sofia Estevam



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